1. O que causa a Vaginose?
Ainda não se sabe porque esta flora anormal passa a dominar o ecossistema vaginal em algumas mulheres e não em outras.
Entre os fatores predisponentes salientam-se:
· Mulheres com vida sexual ativa
· Mulheres com vários parceiros sexuais
· Baixa imunidade
· Mulheres com ectopia (“ferida”) do colo uterino
· Usuárias de DIUs de cobre
· Uso de ducha vaginal
As raças brancas e asiáticas são menos predispostas à vaginose bacteriana, assim como as usuárias de qualquer método contraceptivo hormonal.
2. A Vaginose Bacteriana é uma DST (Doença Sexualmente Transmissível)?
Uma pergunta que geralmente é feita sobre a Vaginose Bacteriana é se ela é contagiosa ou não. No momento, está ocorrendo uma importante mudança de paradigma. Sempre se achou que a vaginose teria a ver com atividade sexual, mas, que ela não seria transmitida sexualmente. No entanto, tem surgido trabalhos modernos, com estudos baseados em métodos DNA e PCR, mostrando que o parceiro da mulher portadora da vaginose bacteriana possui geralmente a mesma flora que ela, na pele do pênis e na uretra. Isto inclui a Gardnerella vaginalis com biofilme, além de outras bactérias causadoras da vaginose.
A resposta então, baseada nas últimas evidências científicas, é que pode ser transmissível. O homem não tem a doença. Ele não sente nada. Mas, pode adquirir a flora contaminante da mulher e retransmiti-la.
O mais comum é um corrimento acinzentado/amarelado com forte odor, geralmente descrito como corrimento com cheiro de peixe. Este corrimento vaginal com mau cheiro costuma piorar após relação sexual. A vaginose não costuma dar coceira e ardor.
4. Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico da vaginose bacteriana é baseada no conjunto de sintomas e achados laboratoriais. Se você tem queixas de corrimentos, o ginecologista fará um exame ginecológico completo e eventualmente fará alguns testes das secreções. Na vaginose há um teste simples, feito no próprio consultório, que consiste na adição de hidróxido de potássio 10% na secreção vaginal para aumentar a liberação do característico cheiro forte de peixe.
5. A Vaginose Bacteriana é comum?
É muito comum. É a maior causa de corrimento entre as mulheres em idade fértil. Nos EUA estima-se que 21 milhões de mulheres adquiram esta síndrome por ano.
6. A vaginose bacteriana é perigosa?
Para mulheres gestantes sim, por que aumenta a incidência de partos prematuros, que é uma das maiores complicações que pode ocorrer na gravidez.
A vaginose bacteriana tem uma ação pró inflamatória e assim facilita o contágio de outras doenças, tais como gonorreia, clamídia, doença inflamatória pélvica, HPV e mesmo o HIV, devido à diminuição da flora vaginal normal, que tem função protetora.
7. O tratamento é complicado?
Não. É até simples, podendo ser feito por medicamentos por via oral, vaginal ou associados.
8. Por que então é tão frequente a recidiva?
Principalmente pelo fato de ser uma síndrome com grande diversidade de germes causadores. Alguns são sensíveis a determinados antibióticos e outros não. Desta forma, os tratamentos prescritos podem não eficientes para todos.
Outro fator é que alguns dos germes causadores produzem o que chamamos de “ biofilme ”, que é como se fosse uma redoma de vidro que isola o germe do meio ambiente, impedindo a ação dos antibióticos.
Finalmente, não se costumava tratar o parceiro da mulher portadora de vaginose bacteriana. Mas, como a hipótese de transmissibilidade agora é aceita, o tratamento do parceiro é imperativo e deve diminuir – em muito – a recorrência ou recidiva da vaginose bacteriana.
Palavras-chave: vaginose bacteriana, Gardnerella vaginalis, DST, biofilme.
Prof. Antônio Aleixo Neto
Mestre em Saúde da Mulher (UFMG)
Master in Public Health (Harvard University)
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